segunda-feira, 18 de junho de 2007

Radicalmente cristäo

Jon Sobrino concedeu uma longa entrevista, publicada no último suplemento dominical do El País. Vale a pena ler.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Axo munto bem!

Erros de ortografia não contam para avaliação

Já era ora de o menistério presseber o que é mexmo importante. Nä intressa se agente se esprime em protuguês corréto ó näo; o quintressa é agente presseber.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Ai, a minha vida!

Como já devem ter reparado, tenho andado um pouco afastado das lides blogosféricas. E estou agora a entrar em tempo de exames, o que näo augura grande disponibilidade nas próximas semanas. Entretanto, resta-me a consolaçäo de ir lendo alguns blogues alheios...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Dificuldade pessoal

Esta afirmação de Bento XVI na abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, parece-me quase consensual.
Conciliar isto com episódios como a recente excomunhão lançada sobre políticos mexicanos por causa da legislação aprovada a propósito do aborto, já é mais difícil.
Justificar a sanção no quadro do Direito Canónico é fácil. O difícil é fundamentá-la com o Evangelho. Mas pode ser uma limitação minha.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Se eu fosse...

O Pedro pediu... eu fiz.

Se eu fosse...
Se eu fosse uma hora do dia, seria a meia-noite em ponto.

Se eu fosse um astro, seria Vega!
Se eu fosse uma direcção, apontaria a Sul.
Se eu fosse um "móvel", seria um puff.
Se eu fosse um líquido, seria um tinto velho para degustação lenta.
Se eu fosse um pecado... hum... seria um resumo de muitos...

Se eu fosse uma pedra, seria lapis lazuli .
Se eu fosse uma árvore, seria um abeto.
Se eu fosse uma fruta, seria cereja.
Se eu fosse uma flor, seria um nenúfar.
Se eu fosse um clima, seria semi-tropical.
Se eu fosse um instrumento musical, seria um violino.
Se eu fosse um elemento, seria ar...
Se eu fosse uma cor, seria o amarelo.

Se eu fosse um animal, seria um papagaio rabugento.
Se eu fosse um som, seria o das ondas.
Se eu fosse música, seria a "canção do mar".
Se eu fosse um estilo musical, seria jazz...
Se eu fosse um sentimento, seria o amor.
Se eu fosse um livro, seria "O livro do desassossego".
Se eu fosse um lugar, seria uma praia qualquer...
Se eu fosse um gosto, seria agridoce.
Se eu fosse um cheiro, seria o da maresia.
Se eu fosse uma palavra, seria "sim".
Se eu fosse um verbo, seria "sonhar".
Se eu fosse um objecto, seria um lápis.
Se eu fosse parte do corpo, seria as mãos.
Se eu fosse expressão facial, seria o sorriso.
Se eu fosse personagem de desenho animado seria.. sei lá!
Se eu fosse filme, seria uma trilogia: "Branco", "Azul" e "Vermelho", de Kieslowzki.
Se eu fosse forma, seria uma espiral.
Se eu fosse número, o 3.
Se eu fosse estação, seria o Verão.
Se eu fosse uma frase, seria "Ama e faz o que quiseres!”
Mas se eu fosse qualquer uma destas coisas... não seria o que sou. E isso sim, seria uma maçada! :)

Não sei quem inventou isto... mas alguém devia castigá-lo!
Parece que é preciso passar... mas como eu cheguei atrasado, dispenso-me dessa obrigação.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Não basta ter valores

Os nossos valores fundamentam e estruturam boa parte da nossa vida, desde os comportamentos quotidianos, até às grandes decisões que tomamos e que nos definem.
Mas nem todos os valores são bons, nem todos valem o mesmo, nem, sobretudo, todos são entendidos e aplicados da melhor forma.
Uma proposta já clássica, propõe a divisão dos valores em sãos e não sãos; saudáveis ou não saudáveis, referindo-os a um conceito de saúde global que supõe o equilíbrio psicobiológico do indivíduo.
Assim, não basta saber se os valores que perfilhamos são positivos; interessa mais saber como os vivemos e como os aplicamos na nossa vida.
Neste sentido, os mesmos valores, tidos universalmente como bons, podem ser vividos de forma saudável ou não.
A forma sã de viver os valores implica flexibilidade, no sentido de lhes reconhecer excepções e graus. Implica fazer seus os valores de forma crítica, filtrando-os e assumindo-os depois. Têm de ser realistas, baseados na ponderação das consequências. E têm de ser fomentadores da vida, com o reconhecimento das suas necessidades e sentimentos.
Por outro lado, uma forma pouco saudável de viver e aplicar os valores, por bons que possam ser, pode enfermar de outros tantos defeitos: podem padecer de rigidez, absolutizando o valor numa lógica de tudo ou nada; podem ser interiorizados passivamente, sem os perceber nem criticar; podem não ser realistas, baseados apenas num conceito abstracto de "rectitude" que esmaga; e podem ser, finalmente, redutores da vida, ignorando as suas necessidades e sentimentos.
Cá no nosso âmbito (Igreja) fala-se muito de valores. Mas incorre-se muitas vezes numa visão rígida, numa interiorização passiva e numa aplicação irrealista. É claro que tem de dar para o torto...

Limbo

Pronto. Agora é oficial: o Limbo não existe e as criancinhas que morrem sem baptismo são acolhidas pela misericórdia de Deus. Estamos todos mais descansados. E surpreendidos, por serem necessários tantos estudos para chegar a esta conclusão.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Sobre as águas

"Depois de Jesus ter saciado os cinco mil homens, os seus discípulos viram-n’O a caminhar sobre as águas" (Jo 6, 22).

Foi preciso que confiassem n'Ele para que o seu trabalho desse resultados e viessem à rede 153 grandes peixes; foi preciso alimentar a multidão, porque não se prega a estômagos vazios. Vai ser preciso um raspanete, para que não vão atrás d'Ele à espera de milagrinhos. Jesus não é pescador, nem assistente social. Esse é o nosso trabalho. Ele é o que caminha sobre as águas: contemplá-Lo e segui-Lo é elevar a nossa humanidade e lançar o olhar sobre os naufrágios da carne...

sábado, 21 de abril de 2007

Bom fim de semana


Sobre a vida espiritual

"La vie spirituelle n'est pas spécifiquement chrétienne. Je dirais même que beaucoup de chrétiens se dispensent de vie spirituelle en pratiquant leur religion. Mais que la vie spirituelle, si elle s'approfondit, donne l'occasion, en particulier si les circonstances se présentent, d'entrer dans l'intelligence de cet homme singulier qu'était Jésus il y a vingt siècles, et si la vie spirituelle se trouve pour ainsi dire transformée par cette rencontre en profondeur d'homme à homme, incontestablement elle devient chrétienne. Mais on peut avoir une vie spirituelle sans être chrétien. On peut même avoir une vie spirituelle sans croire en Dieu parce que la vie spirituelle dont nous parlons - ces exigences intérieures qui montent en nous ne sont pas nécessairement la conséquence d'une foi en Dieu. C'est la conséquence d'une prise de conscience en nous qui fait que, si je n'y corresponds pas, je me renie. [...]"

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O futuro da formação

À hora em que escrevo, inicia-se em Fátima mais uma Assembléia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
Na agenda parece estar a reflexão sobre a formação dos padres em Portugal. Não sei, naturalmente, qual vai ser a linha dessa reflexão. Muito menos quais vão ser as directrizes para a futura estruturação dessa formação.
Mas sei, como sabem todos os que se formaram nos seminários diocesanos e, mesmo que não o tenham feito, que conheçam minimamente o esquema formativo actualmente em vigor, que a "coisa" não vai lá com remendos. O modelo herdeiro de Trento não está apenas desfasado; está em coma.
Parece-me haver um desencontro acentuado entre o perfil de padre que as comunidades cristãs desejam e precisam e o "formato" oferecido pelas "linhas de produção eclesiásticas". Isto tem duas consequências imediatas: em primeiro lugar, os cristãos têm muita dificuldade em encontrar nos sacerdotes as qualidades que, de facto procuram e necessitam; em segundo lugar, os próprios presbíteros recém ordenados se vêem confrontados com a necessidade de deixar caír grande parte do "lastro formativo" para irem aprendendo quase tudo por sua conta.
Resta dizer que, atendendo aos constrangimentos estruturais que enquadram esta questão, pouca margem de manobra sobra para grandes mudanças na formação nacional dos novos padres, mesmo que os senhores bispos o quisessem. Não virão aí, portanto, grandes novidades.

Já cá estou...

Quinze dias de ausência, em remotas e desconectadas paragens, tornaram impossível não só escrever novos textos, como também acompanhar e responder aos comentários que foram sendo deixados nas últimas três caixas de comentários... Aqui ficam as minhas desculpas e o meu agradecimento a todos os que por cá passaram, comentaram e/ou deixaram votos de boas festas.

segunda-feira, 26 de março de 2007

quinta-feira, 22 de março de 2007

O pecado e o pecador

A distinção, clássica e omnipresente na doutrina da Igreja, entre o pecado e o pecador, tem servido de fundamento a muito moralismo barato.
Todos percebemos a ideia subjacente: a pessoa é sempre digna de respeito; o pecado por ela cometido, não. Seriamos, portanto, chamados a amar o pecador e a rejeitar o pecado.
Isto dito assim, até faz sentido. Mas a praxis daqui decorrente cai, inevitavelmente, num cinismo atroz.
Lembro-me de um padre que costumava dizer com frequência: "Eu não amo as pessoas pelo que elas são, mas pelo que devem ser!" E dizia-o inchado, como se tivesse descoberto a mais fiel das interpretações do evangelho. O que ele revelava, coitado, é que não amava ninguém.
Daquilo que me é dado perceber do Evangelho, o desafio cristão - e a sua originalidade - é o amor incondicional. E se é incondicional, não exige ao outro a renúncia ao pecado. Isto parece perigoso à primeira vista. Mas não é. É "apenas" evangélico. O nosso erro, consciente ou não, está em acharmos que temos um papel a desempenhar na relação entre o pecador e o pecado. Consideramos ser nosso "dever" metermo-nos lá no meio, mediadores e "activadores" da conversão...
Ora, não é isto que Jesus faz. Jesus AMA. E o pecador decide, em liberdade, o que quer e/ou pode fazer em relação ao pecado. E qualquer que seja a decisão dele, que faz o Meste? Ama-o, pois claro. Incondicionalmente.
Outra coisa bem distinta é que eu, tocado pelo amor, perceba o pecado como algo a abandonar. Mas esse é o meu caminho.
Amar o pecador, incondicionalmente, é amá-lo com pecado e tudo. Pôr como condição a sua renúncia ao pecado, não é amá-lo; é chantageá-lo. Ou desculpa de mau pagador para justificar arzinhos de superioridade...

terça-feira, 20 de março de 2007

Perplexidades

Com tristeza, vou assistindo aos sinais de outros tempos que a minha Igreja insiste em mandar cá para fora.
O problema não está em ser duro e claro quando há que sê-lo. Não há drama na firmeza, quando ela se justifica. E dou de barato que, falar de Roma para o mundo, não pode agradar a todos. Outra questão seria saber até que ponto Roma tem de falar de tudo, para todos...
Mas acho estranho que os sinais negativos e carregados de hostilidade se sucedam, sem que outros, de sinal contrário, equilibrem as coisas. Será só ausência de simples estratégia comunicativa? Porque insiste o Vaticano em aumentar a péssima imagem pública que já tem? Porque insiste em querer "apanhar moscas com vinagre"?
Vejo, perplexo, ingerências nas lutas políticas europeias, a começar pela italiana, tentando impôr a todos concepções cristãs da vida e da moral.
Leio, com surpresa, recomendações de "moderação nos abraços", como se as nossas Eucaristias fossem festarolas de efusiva emotividade primária, quando, afinal, um dos problemas é, precisamente, a frieza litúrgica e o afastamento entre a celebração sacramental e a vida.
Vejo, preocupado, aumentar a lista dos teólogos proscritos, por se atreverem a pregar o Evangelho em que acreditam. Já cruzámos a barreira dos 450, desde o início do pontificado de João Paulo II e, parece, continuaremos a bom ritmo... Jon Sobrino é apenas mais um.
E depois leio, estupefacto, sobre a legítima preocupação dos bispos espanhóis pela crise de vocações. Preocupados porque, na última década, houve uma diminuição superior a 30% no número de seminaristas. Admira a surpresa, porque em termos gerais, no mesmo periodo, a Igreja espanhola perdeu 50% da juventude e tornou-se na Instituição em que os jovens menos confiam... E falar de Espanha, é falar de muitos outros países em situação semelhante, incluindo o nosso.
Não sei para onde vamos mas, como escrevia o poeta, eu sei que não vou por aqui.

domingo, 18 de março de 2007

Renascido

Deixaste que eu partisse, Pai,
À procura de coisa nenhuma...
Respeitaste a minha escolha,
A minha liberdade...
Decerto sofreste
Ao ver-me partir,
Cheio de orgulho,
Cheio de mim!
Decerto choraste,
Ao ver-me desaparecer
Rasgando o horizonte
Sem olhar para trás...
Ia fora de mim, só me tendo a mim!
Os meus olhos iam cheios de miragens e quimeras...
Abri os braços ao mundo,
Querendo saborear, sentir, fruir
Querendo ter tudo a meus pés,
Contendo tudo nas minhas mãos...
Depressa descobri, afinal,
A dor da solidão,
O sofrimento da rejeição,
O sabor a pouco
Dos dias envernizados...
Como dói olhar para dentro
E ver um buraco imenso
Cheio de tudo,
Mas sem nada!
Foi nessas noites
De estrelas apagadas
Que percebi que nada tenho
Se não Te tiver a Ti!
Levantei-me do chão,
Despojei-me das vestes rotas,
Das correntes e das amarras e pensei:
Quero voltar para meu Pai!
Quero encontrar-me, dizer-me,
Quero ser eu outra vez,
Envolvido nos teus braços,
Amado nos teus abraços,
Homem renascido no Amor!
Obrigado Pai,
Pela alegria de voltar,
Pela festa do teu perdão!
Obrigado Pai,
Por acreditares de novo em mim,
Por lavares o meu pecado,

Por me fazeres de novo... enfim!

Escolhas

Se, numa situação limite, pudesse salvar apenas um livro, escolheria a Bíblia. E se me fosse impossível resgatá-la inteira, escolheria os Evangelhos. Mas se mesmo esses fossem demasiados, optaria por Lucas. E se, por absurdo, fosse obrigado a seleccionar apenas um excerto, salvaria, seguramente, a parábola do Filho Pródigo.
E ficaria tranquilo, porque levaria comigo o retrato do Deus em que acredito.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Urgência

"E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não" (Lc 13,4).

Deus não castiga. A doutrina da retribuição judaica está ultrapassada. Nenhum cristão minimamente esclarecido atribuirá as desgraças sofridas pelos homens a eventuais castigos divinos pelos seus pecados. Não há relação entre a morte das vítimas e a sua vida moral. Este ponto está assente, apesar de todos os resquícios empoeirados que, por vezes, vêm ao de cima...
Mas a morte alheia por fatalidades várias; os imprevistos trágicos que cortam a liberdade e expõem fragilidades, são sinais e enérgicos avisos. Estão aí, todos os dias, sem raíz divina, nem pedagogia moral, mas poderosos na sua mensagem cristalina: não desperdices a tua vida! Vive-a plenamente, porque é breve, frágil e preciosa...
O apelo à conversão perante a tragédia não impele ao temor: apela à consciencialização da urgência de ser feliz.

Fé e luta

"O modo de viver, de lutar, de lutar pela vida e viver da luta, da fé, é duvidar (...). Fé que não duvida, é fé morta.
E que é duvidar? Dubitare tem a mesma raíz, a do numeral duo, dois, que duellum, luta. A dúvida(...) supõe a dualidade do combate".

Miguel de Unamuno, in "A agonia do cristianismo"

Bom dia

Haveria,
É certo,
Palavras adequadas
À descrição dos estados
Contraditórios da alma.
Mas a alma
Não tem estados;
Tem dias...



Foto: Larry George

quarta-feira, 7 de março de 2007

Mudança

Durante um fugaz periodo da vida, todos achámos que tínhamos boas possibilidades de vir a mudar o mundo. Depois, fomos reduzindo o raio potencial de influência, até percebermos que, se nos conseguirmos mudar a nós, de forma moderada mas persistente, já não é nada mau. Ou dito de outra maneira: é o melhor que podemos fazer. Temos, nessa tarefa, trabalho para toda a vida. E cada quaresma o grita de novo: convertei-vos! O problema é que somos duros de ouvido...

Bom dia!

Sinais de fogo, os homens se despedem.
exaustos e tranquilos, destas cinzas frias.
E o vento que essas cinzas nos dispersa
não é de nós, mas é quem reacende
outros sinais ardendo na distância
um breve instante, gestos e palavras.
ansiosas brasas que se apagam logo.

Jorge de Sena

terça-feira, 6 de março de 2007

Regresso

Já estou farto de "pausar".
Embora preveja menos regularidade nas postas, cá volto ao Adro.
Como já estava farto de amarelo e laranja, a casa veste-se agora de azul. Aceitam-se críticas...
Um abraço a todos os que costumam passar por cá.
E vamos a ver o que sai...