segunda-feira, 26 de março de 2007
quinta-feira, 22 de março de 2007
O pecado e o pecador
Todos percebemos a ideia subjacente: a pessoa é sempre digna de respeito; o pecado por ela cometido, não. Seriamos, portanto, chamados a amar o pecador e a rejeitar o pecado.
Isto dito assim, até faz sentido. Mas a praxis daqui decorrente cai, inevitavelmente, num cinismo atroz.
Lembro-me de um padre que costumava dizer com frequência: "Eu não amo as pessoas pelo que elas são, mas pelo que devem ser!" E dizia-o inchado, como se tivesse descoberto a mais fiel das interpretações do evangelho. O que ele revelava, coitado, é que não amava ninguém.
Daquilo que me é dado perceber do Evangelho, o desafio cristão - e a sua originalidade - é o amor incondicional. E se é incondicional, não exige ao outro a renúncia ao pecado. Isto parece perigoso à primeira vista. Mas não é. É "apenas" evangélico. O nosso erro, consciente ou não, está em acharmos que temos um papel a desempenhar na relação entre o pecador e o pecado. Consideramos ser nosso "dever" metermo-nos lá no meio, mediadores e "activadores" da conversão...
Ora, não é isto que Jesus faz. Jesus AMA. E o pecador decide, em liberdade, o que quer e/ou pode fazer em relação ao pecado. E qualquer que seja a decisão dele, que faz o Meste? Ama-o, pois claro. Incondicionalmente.
Outra coisa bem distinta é que eu, tocado pelo amor, perceba o pecado como algo a abandonar. Mas esse é o meu caminho.
Publicada por Manuel à(s) 20:18 26 comentários
terça-feira, 20 de março de 2007
Perplexidades
Publicada por Manuel à(s) 13:51 28 comentários
domingo, 18 de março de 2007
Renascido
Deixaste que eu partisse, Pai,
À procura de coisa nenhuma...
Respeitaste a minha escolha,
A minha liberdade...
Decerto sofreste
Ao ver-me partir,
Cheio de orgulho,
Cheio de mim!
Decerto choraste,
Ao ver-me desaparecer
Rasgando o horizonte
Sem olhar para trás...
Ia fora de mim, só me tendo a mim!
Os meus olhos iam cheios de miragens e quimeras...
Abri os braços ao mundo,
Querendo saborear, sentir, fruir
Querendo ter tudo a meus pés,
Contendo tudo nas minhas mãos...
Depressa descobri, afinal,
A dor da solidão,
O sofrimento da rejeição,
O sabor a pouco
Dos dias envernizados...
Como dói olhar para dentro
E ver um buraco imenso
Cheio de tudo,
Mas sem nada!
Foi nessas noites
De estrelas apagadas
Que percebi que nada tenho
Se não Te tiver a Ti!
Levantei-me do chão,
Despojei-me das vestes rotas,
Das correntes e das amarras e pensei:
Quero voltar para meu Pai!
Quero encontrar-me, dizer-me,
Quero ser eu outra vez,
Envolvido nos teus braços,
Amado nos teus abraços,
Homem renascido no Amor!
Obrigado Pai,
Pela alegria de voltar,
Pela festa do teu perdão!
Obrigado Pai,
Por acreditares de novo em mim,
Por lavares o meu pecado,
Por me fazeres de novo... enfim!
Publicada por Manuel à(s) 15:38 3 comentários
Escolhas
Publicada por Manuel à(s) 15:09 10 comentários
segunda-feira, 12 de março de 2007
Urgência
Deus não castiga. A doutrina da retribuição judaica está ultrapassada. Nenhum cristão minimamente esclarecido atribuirá as desgraças sofridas pelos homens a eventuais castigos divinos pelos seus pecados. Não há relação entre a morte das vítimas e a sua vida moral. Este ponto está assente, apesar de todos os resquícios empoeirados que, por vezes, vêm ao de cima...
Mas a morte alheia por fatalidades várias; os imprevistos trágicos que cortam a liberdade e expõem fragilidades, são sinais e enérgicos avisos. Estão aí, todos os dias, sem raíz divina, nem pedagogia moral, mas poderosos na sua mensagem cristalina: não desperdices a tua vida! Vive-a plenamente, porque é breve, frágil e preciosa...
O apelo à conversão perante a tragédia não impele ao temor: apela à consciencialização da urgência de ser feliz.
Publicada por Manuel à(s) 10:48 9 comentários
Fé e luta
E que é duvidar? Dubitare tem a mesma raíz, a do numeral duo, dois, que duellum, luta. A dúvida(...) supõe a dualidade do combate".
Miguel de Unamuno, in "A agonia do cristianismo"
Publicada por Manuel à(s) 10:46 3 comentários
Bom dia
Haveria,
É certo,
Palavras adequadas
À descrição dos estados
Contraditórios da alma.
Mas a alma
Não tem estados;
Tem dias...
Publicada por Manuel à(s) 10:44 0 comentários
quarta-feira, 7 de março de 2007
Mudança
Publicada por Manuel à(s) 11:53 8 comentários
Bom dia!
Sinais de fogo, os homens se despedem.
exaustos e tranquilos, destas cinzas frias.
E o vento que essas cinzas nos dispersa
não é de nós, mas é quem reacende
outros sinais ardendo na distância
um breve instante, gestos e palavras.
ansiosas brasas que se apagam logo.
Publicada por Manuel à(s) 11:45 0 comentários
terça-feira, 6 de março de 2007
Regresso
Publicada por Manuel à(s) 18:54 20 comentários