quinta-feira, 26 de abril de 2007

Não basta ter valores

Os nossos valores fundamentam e estruturam boa parte da nossa vida, desde os comportamentos quotidianos, até às grandes decisões que tomamos e que nos definem.
Mas nem todos os valores são bons, nem todos valem o mesmo, nem, sobretudo, todos são entendidos e aplicados da melhor forma.
Uma proposta já clássica, propõe a divisão dos valores em sãos e não sãos; saudáveis ou não saudáveis, referindo-os a um conceito de saúde global que supõe o equilíbrio psicobiológico do indivíduo.
Assim, não basta saber se os valores que perfilhamos são positivos; interessa mais saber como os vivemos e como os aplicamos na nossa vida.
Neste sentido, os mesmos valores, tidos universalmente como bons, podem ser vividos de forma saudável ou não.
A forma sã de viver os valores implica flexibilidade, no sentido de lhes reconhecer excepções e graus. Implica fazer seus os valores de forma crítica, filtrando-os e assumindo-os depois. Têm de ser realistas, baseados na ponderação das consequências. E têm de ser fomentadores da vida, com o reconhecimento das suas necessidades e sentimentos.
Por outro lado, uma forma pouco saudável de viver e aplicar os valores, por bons que possam ser, pode enfermar de outros tantos defeitos: podem padecer de rigidez, absolutizando o valor numa lógica de tudo ou nada; podem ser interiorizados passivamente, sem os perceber nem criticar; podem não ser realistas, baseados apenas num conceito abstracto de "rectitude" que esmaga; e podem ser, finalmente, redutores da vida, ignorando as suas necessidades e sentimentos.
Cá no nosso âmbito (Igreja) fala-se muito de valores. Mas incorre-se muitas vezes numa visão rígida, numa interiorização passiva e numa aplicação irrealista. É claro que tem de dar para o torto...

6 comentários:

maria disse...

tenho andado a pensar nisto mesmo. Obrigada, Manel

Vítor Mácula disse...

Huuuuuum... excelente pastoral... e para lá do cristianismo, excelente atenção à verdade e densidade da vida e do pensamento... abraço

NaSacris disse...

Bela reflexão, Manuel. Andas muito inspirado.

Olha, lancei-te um desafio no meu blog. Aqui:
http://nasacristia.blogspot.com/2007/05/se-eu-fosse.html

Paulo disse...

Valores rigidos ou não o que é certo é que a nossa sociedade está a viver uma falta de valores...fundamentais. Por exemplo, ensinaram-me que a minha liberdade termina quando embarra com a liberdade de outro no entanto, a liberdade de hoje em dia "é minha e só minha, não importa o outro" percebes?

Manuel disse...

Só agora cá voltei com tempo...
Obrigado pelos comentários.

Caro Paulo, parece haver aí um certo pessimismo! Eu não tenho uma percepção assikm tão negativa dos tempos que correm.

Anónimo disse...

[i] leegal;
beeiin criativo, posso dizer!